quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sirvam nossas façanhas...



O Hino Nacional diz em alto e bom tom (ou som, como preferir) que “um  filho seu não foge à luta”. Tanto Serra como Dilma eram militantes estudantis, em 1964, quando os militares, teimosos e arrogantes, resolveram dar o mais besta dos golpes militares da desgraçada história brasileira. Com alguns tanques nas ruas, muitas lideranças,
covardes, medrosas e incapazes de compreender o momento histórico brasileiro, “colocaram o rabinho entre as pernas” e foram para o Chile, França, Canadá, Holanda. Viveram o status de exilado político durante longos 16 anos, em plena mordomia, inclusive com polpudos salários.
Foi nas belas praias do Chile, que José Serra conheceu a sua esposa, Mônica Allende Serra, chilena. Outras lideranças não fugiram da luta e obedeceram ao que está escrito em nosso Hino Nacional. Verdadeiros heróis, que pagaram com suas próprias vidas, sofreram prisões e torturas infindáveis, realizaram lutas corajosas para que, hoje, possamos viver em democracia plena, votar livremente, ter liberdade de imprensa. Nesse grupo está Dilma Rousseff. Uma lutadora, fiel guerreira da solidariedade e da democracia. Foi presa e torturada. Não matou ninguém, ao contrário do que informam vários e-mails clandestinos que circulam Brasil afora.Não sou partidário nem filiado a partido político. Mas sou eleitor. Somente por estes fatos, José Serra fujão, e Dilma Rousseff guerreira, já me bastam para definir o voto na eleição presidencial de 2010. Detesto fujões, detesto covardes!

Pedro Bial, jornalista.

Esse texto está sendo veiculado pelos e-mails de todo o Brasil. Decidi escrever minha réplica em um dos e-mails. Modifiquei poucas coisa do original. 

É interessante pra pensar, mas não posso deixar de expressar minha opinião quanto ao texto do seu Pedro Bial. Há um tempo atrás eu li um texto dele falando sobre a morte do Bussunda e comentando a respeito do valor à vida e outras coisas bem interessantes. Mas me decepciona ver um jornalista tão, aparentemente, esclarecido, dirigir um time de "heróis" numa "mostra de realidade" (reality show) totalmente estúpida quanto é o BBB. É semelhante a um rico que tanto lamenta a vida dos pobres, mas não libera um tostão para ajuda-los. Onde está a moral de um cara desses? Com que autoridade ele vem falar de "covardia" e usar verbos como "detestar", se detestável é a atitude e posição que a Rede Globo tem quando veicula todas as noites dos meses de verão aquelas imagens pornográficas e insolentes, patrocinadas pelo seu jornalismo?
Tá, desculpa o desabafo, mas é verdade. Os verdadeiros heróis são aqueles que batalham noite e dia em busca de uma forma de sobrevivência, bem como apareceu ontem¹ no programa A Liga. Não uma duzia de saradões e gostosas que tentam, de qualquer forma, alcançar o prêmio de 1 milhão de reais, às custas de ligações e audiência de populações pobres em sua maioria. Isso é que é triste. Pra mim isso sim é fugir à realidade. É fugir à luta!! Onde está o movimento social da Globo nessa hora? Onde está toda a pompa de citar um verso do hino nacional? Pra mim isso é "vergonha em berço esplêndido", nada mais. Antes de chamar alguém de "fujão", é maravilhosamente importante não se manter nessa posição. O BBB é a forma que a Globo encontrou de definir uma rota de fuga aos menos favorecidos, que tem sua felicidade elevada naquele horário, com uma manipulação terrível, cheia de propagandas que provocam o telespectador a ser um consumidor de peças caras. O sexo divulgado por programas semelhantes a esse é uma das grandes razões que levam o brasileiro pobre a se sentir apto a fazê-lo sem a devida proteção e métodos contraceptivos, elevando a população miserável. Mais uma vez, desculpa, mas isso é mais que fugir à luta. É agarrar o hino nacional, rasgá-lo, pisar em seus restos. Por fim, só resta parafrasear mais uma vez: "Teus não risonhos, lindos campos não têm mais flores."

Leonardo C. Moro, estudante de engenharia

¹ - O texto foi escrito em 13/10, numa quarta-feira.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Passado...



Algumas pessoas - eu, por exemplo - já pensaram, mesmo que apenas uma vez na vida, em apagar o passado. Diga-me se sou o único. Se for, bom, esse texto vai pra mim então. 
O passado é uma forma de se referir ao presente que já passou. Não existe passado, bem como não existe futuro. O ontem é tão falso quanto o amanhã. Nem o hoje pode ser dito como existente, pois até que não se complete o ciclo do dia, não há nada a não ser o agora. A única coisa da qual temos certeza - se é que temos tal certeza - é de que estamos vivendo o agora. Independe se é hoje, amanhã, daqui a dez anos. Continuará sendo o agora. Quando iniciei este texto, estava vivendo o momento. Já não o estou mais, e o início já faz parte do passado. É uma maneira difícil e diferente de enxergar as coisas, mas para mim é a mais correta.
As lembranças são o livro ainda aberto que carrega o passado. Sem elas, o passado inexiste. Peça a uma criança de dois anos se ela tem alguma recordação dos momentos que passou na barriga da mãe. Ela provavelmente dirá que não e nem entenderá muito bem sua pergunta. Eu li certa vez que as crianças esquecem do que ocorreu na infância do primeiro ano, já no segundo e assim por diante, até que sua memória se estabilize e comece o processo padrão de armazenamento das lembranças importantes e dos fatos marcantes. De qualquer modo, sabemos então que o passado é um funil de lembranças. Lembramos com mais consistência de umas, a despeito de outras. E dessa forma, recordamo-nos das coisas que fizemos e passamos em nossa existência até o momento presente.
Na vida, tomamos algumas atitudes das quais nos orgulhamos, e outras das quais nos envergonhamos. É engraçado que algumas pessoas conseguem lidar melhor com as vergonhas do que outras. Por esse motivo, muitos pensam no passado com sensação de aperto no peito, de modo que se fosse possível apaga-lo seria um alívio. Além disso, quantos já não sonharam em criar máquinas do tempo e voltar a momentos decisivos e importantes e mudar a história? Não a de outros, mas a nossa história! Aquela traição, aquela atitude egoísta, as dores sofridas, a postura errada no escritório, a palavra dita, o coração machucado. O passado é cheio dessas coisas, e o nosso corpo lida com ele de uma forma no mínimo esquisita. Quando lembramos das coisas boas, uma sensação incrível de prazer pode acomenter-nos. Do contrário, nas lembranças ruins, podemos até nos sentir mal, passar por um momento de dor interior, correndo o risco de enviar essa "energia" ao nosso corpo, adoecendo-o. 
Apagar o passado ninguém pode. Voltar no tempo, até então, é apenas estória de cinema. Nada nesse mundo pode excluir nossas marcas passadas. Nem mesmo Deus o faz. Ele nos convence dos nossos erros e nos perdoa. Para Ele tudo está esquecido, mas continuamos com as lembranças em nossa mente. O passado ainda está ali - veja bem, embora ele possa ter sido perdoado e temporariamente esquecido. Não adianta ter a maldita vontade de voltar atrás e consertar os erros. Não dá! Sabe aquela pessoa que você traiu? Aquele amigo que partiu e deixou apenas a saudade e o remorso dos dias não passados ao seu lado? Não dá mais. A chance é uma só. E é isso que nos assusta tanto. Não podemos pegar uma borracha e simplesmente apagar o passado. Ou deletar as partes ruins, refaze-las, e viver um novo presente. Esqueça essa ideia antes que ela te deixe maluco. Para tal, existe apenas uma forma.
Pense. Seu presente é o seu passado de amanhã. A única forma de olhar para o passado sem grandes remorsos e vergonha é escreve-lo da maneira certa. E para isso, é importante viver o presente da melhor maneira possível. Eu sei que este tipo de texto parece trecho de livros de auto-ajuda. Não é a intenção. Parece-me que essa é a única forma de sustentar um passado mais feliz. Se escrevermos nosso presente da maneira certa, evitando atropelar nossos valores e tomar atitudes das quais podemos nos arrepender, poderemos esquecer a ideia de um passado de dor, a vontade de voltar e apagar tudo. Dessa forma, viveremos em paz com nossa própria consciência, sendo sempre gratos a Deus pela vida que Ele deu. E isso, meu amigo, nada pode pagar.