quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Saudade


Já faz um tempo que não escrevo aqui. Deu saudade de voltar. Falar coisas boas pra alguém que por algum acaso possa esbarrar nesse blog, nesse espaço tão mediano, sem graça, sem textos. Quem sabe? Talvez mude a vida de alguém, talvez não.
Acho que há muito tempo eu escrevi sobre saudade. Deve ter sido em um dos meus extintos blogs ou flogs. Tanto faz. Sei que é um assunto muito legal de se tratar, e ao mesmo tempo tão delicado, sensível. Saudade não é algo que existe, um objeto, uma realidade. É uma abstração, não-palpável. Não dá pra mensurar, não existem instrumentos para tal, assim como o amor e todos os sentimentos. Mas a saudade é especial, e é dela que falo hoje.
Sinto saudade de muita coisa na minha vida. Certa vez ouvi uma frase que diz algo assim: "se esquecermos nosso passado, estamos condenados a repeti-lo". E quem falou isso estava inspirado, pois exprime a realidade como ela é. O nosso passado serve para tantas coisas, mas a mais importante, na minha opinião, é nos ensinar a não repeti-lo, mas viver diferenciadamente. Seja para o bem, seja para o mal que fizemos. E lá, estocado em algum lugar do tempo, no cosmos, na matéria, anti-matéria, nos átomos e suas partículas, onde que que seja, está ele: o passado. Difícil definir algo tão "pesado", "irriquieto", "intocável". Diria Einstein que o tempo é relativo e que depende do observador. Mas independente do velho alemão e suas ideias, para mim o passado é algo precioso. É lá que estão todas as nossas experiências, a linha de tempo da nossa história pessoal. As pessoas com quem estivemos, os anseios que passamos, os medos que vencemos, as dores que surgiram e foram curadas. E nos resta algo, um sentimento, a saudade. E esta é uma faca de dois gumes; ou nos derruba, ou nos levanta. Pode surgir a fim de tornar-nos vencedores, mas pode nos tornar fracassados em busca de um sentido. Mas, invariavelmente, estará lá, seja num suspiro final, num beijo apaixonado, no primeiro encontro, no dia do nascimento do filho, nas pessoas que partiram. A saudade comanda a orquestra e rege os músicos.
E eu, o que tenho a dizer desse sentimento tão complexo? Se vim aqui, é porque tenho minhas condolências, meus desejos de expressar algo que nem mesmo posso saber até começar a escrever e coloca-lo para fora. A saudade é algo presente em minha vida. Diariamente, ela prova que possuo um coração. Porque, "tchê!", como dói! Olhar pra trás e perceber vários momentos, pessoas, histórias. O passado está lá, me chamando. E meu coração se aperta ao constatar a falta de algumas coisas que lá ficaram. Amigos que perdi, familiares que se foram, momentos que fazem falta, pessoas que não estão ao meu lado. Mas a saudade mais dolorida é essa: a de mim mesmo. Quem eu sou hoje? Quem eu fui? Onde está o cara que se perdeu nesse meio tempo? São perguntas sem resposta, difíceis de explicar. A saudade corrói, incomoda. E quando essas saudades se unem, o coração se aperta, machuca. Mas a vida não é feita apenas de saudade e de suas consequências, mas de uma porção de outros sentimentos. Se não fossem esses, estariamos fadados ao sofrimento. E lá estão eles: o amor, a esperança, a fé. O maior destes é o amor, que nos ajuda a superar a saudade e as dores da vida. Pessoas entram em nossa vida e enchem-na desse sentimento, preenchendo algo que antes parecia impossível. A esperança é uma sensação de esperar pelo vindouro, pela resolução dos problemas; ter a de seguir em frente, não olhar pra trás, crer numa vida melhor.
E os sentimentos se unem e, graças a Deus, podemos vencer as adversidades da vida. Mas a saudade permanece, talvez mais quieta, no seu canto, mas ali está. E que bom, pois como disse antes e reitero: prova que possuo um coração.