Alguns dizem: "Deus escreve reto por linhas tortas". Outros dizem: "Deus não escreve reto por linhas tortas, mas sempre escreve reto". Não sei qual delas é a correta, mas me inclino mais à primeira afirmação; não no sentido de que Deus escreva linhas tortas, ou deixe a matemática de lado e use Seus artifícios divinos para criar tais retilíneas através de parábolas, senoides, exponenciais e outras "tortisses" que conhecemos. No entanto, observe a figura ao lado. Várias linhas tortas, certo? Errado! São algumas linhas retas, paralelas entre si. O efeito de inclinação é passado ao nosso cérebro por aquelas demais linhas intermediárias, que cruzam as paralelas. E eu vejo o livro de Deus, a história das nossas vidas, como linhas tortas, que no fim são apenas uma ilusão de ótica e se mostram ser, na realidade, linhas retas, paralelas entre si. E digo isso, pois a minha vida tem sido um escrito de linhas tortas. Deus pode me virar aqui, ali. Às vezes quebra meu teto de vidro e tira meu chão. Nulo fico, numa imensidão sem par, desprovido de qualquer alicerce. E nesse instante de "tortisse", Deus vem e mostra a Sua misericórdia, Seu poder, Seu amor. Ele remove as linhas intermediárias que nos mostram a história como torta e vislumbramos maravilhosas linhas retas e paralelas, todas funcionando a nosso favor, todas escrevendo nossa história.
As crianças possuem uma característica na caligrafia. Poucas conseguem manter a linearidade em uma frase completa, quando escrevendo sobre folhas brancas. As linhas ficam tortas, mas pensam escrever retamente. No fim do texto, constatam que ficou uma bagunça; palavras pra cima, outras pra baixo, a mescla foi feita. Mas não importa, o texto foi escrito. Essa é outra abordagem sobre Deus. Quando achamos que Ele está escrevendo mal nossa história, é aí que nos surpreendemos com a riqueza com que Ele "laboreou" nossa história. E o mais incrível nesse contexto todo, é o cuidado dEle. Embora as pessoas tenham saído e entrado das nossas vidas, o amor se foi, a paz se foi, a luta veio, o consolo chegou, o escritor continuou e continua o mesmo. E como todos sabemos, na escrita de um livro, o escritor é o último a abandonar o tema, a obra; o fim só acontece quando o ponto final é desenhado.




