sexta-feira, 22 de junho de 2012

Decepção

Já devo ter escrito sobre esse tema em outra oportunidade. Mas me sinto impelido a voltar, as entranhas me enviam. Você pode viver uma vida de decepções: amigos, familiares, cônjuges, namorados, namoradas, etc. São diversas decepções nessa vida. Algumas com o chefe, outras com o empregado, umas com os ladrões, outras ainda com os políticos que elegemos. Mas nenhuma delas, sequer, pode chegar próximo do que denomino auto-decepção. Esta, por sua vez, é a grandiosa, imperatriz e dona de todas as outras. Quando por perto, ofusca a vista para quaisquer outras verdades ou inverdades em derredor. A auto-decepção é tão destrutiva quanto a depressão. Talvez seja uma das causas - não me habilito a discorrer sobre um tema tão complexo e fora de meu conhecimento. 

A auto-decepção pode surgir numa briga com os pais, filhos, melhores amigos. Palavras ditas que, sim, voltam! Fortes e vivas, em forma de decepção, depreciação, desconsolo! Há uma colheita para cada plantio. Não podemos desfazer o fato, refazer o passado. A ocasião que o levou ao conhecimento da auto-decepção já foi, meu amigo. Você não pode fazer nada diante disso, e talvez por esse motivo, a auto-decepção seja tão destrutiva. É iminente sofrer diante da decepção. Quanto mais daquela que mostra o quão estúpido estamos sendo ou agimos em determinada situação. E o pior é o seguinte... a auto-decepção muitas vezes se mostra de formas negras e negativas. Quando descobrimos que não somos aquilo que estimávamos ser; quando decepcionamos nossos valores e os jogamos longe de qualquer forma de agarre. A auto-decepção é um caos, um câncer, uma verdade. Fuja dela, fuja de suas garras.

Os dias são maus. Já havia dito Jesus Cristo há cerca de dois mil anos. E são mesmo. Mas por quê? Porque nós, seres habitantes desse planeta, formadores dos dias - sejam bons ou maus -, conseguimos deturpar tudo que é puro a um nível de desvalorização enorme. Agarramos o pecado e nos lambuzamos com ele. E depois, adivinha? A auto-decepção, a depressão em vista dos valores perdidos, a dor de não ter controle das próprias ações, a constatação da pior revelação da vida: somos fracos e dignos de decepção.

Entenda uma coisa. A auto-decepção não vai abandoná-lo. Corre atrás, e apenas pode ser minimizada, uma vez que entregamo-nos de verdade a Cristo, crendo na Sua remissão, na redenção dos pecados. Ou seja, quando de fato formos livres. Que sejamos livres, ainda mais da decepção, que essa, sim, mata.

domingo, 3 de junho de 2012

Da minha janela

Da minha janela vejo muitas coisas. Pra ser sincero, não via há muito tempo. Quando estamos vendados, nada à frente parece brilhar. E por muito tempo me senti assim, vendado. Como se um tapa-olhos estivesse diante de mim; talvez numa melhor alusão, por muito tempo me senti como se uma viseira equina tapasse qualquer visão ao derredor. E nesses momentos, a única coisa possível e passível de ser feita é olhar para frente, não mais vislumbrar determinadas cores, enxergar tons de sépia e escala de cinza, misturados em um preto-e-branco sem graça, tirando a alegria e beleza da vida. E nesses momentos, é essencial refreá-la. Remover a viseira e olhar em volta, vislumbrar as cores, reaprender a enxergar e visualizar além dos pequenos graus de liberdade que anteriormente nos eram permissos. Resumindo, necessário é abrir a janela. E eu fiz isso hoje. Havia decidido fechar a veneziana desta que ao meu lado está. Mas, ao abrir os vidros para poder puxar os retos de madeira e cerrar qualquer interferência externa, por um instante me permiti admirar a paisagem que ali estava. À esquerda, um esquecido coqueiro antigo, o qual carrego em memória há muitos anos; à direita, a paisagem iluminada pelos lumiares de uma cidade vizinha; e, por fim, acima, um céu maravilhosamente desenhado com nuvens deixadas para trás no findar de alguns dias chuvosos e um tom azulado que apenas a natureza tem capacidade de conceber. Foi especial e essencial abrir a janela. Pude relembrar motivos que me fizeram sorrir e que ainda o podem fazer.